Sermão
em Tg 3.13-18
O Senhor
Jesus Cristo disse certe vez: “... a sabedoria é justificada por todos os seus filhos”. Lc
7.35. Com certeza, na sua carta, o servo de
Jesus Tiago está lembrando o ensino explícito do Mestre. No trecho em questão, Tiago
procura por freios na pretensão de alguns em tornarem-se mestres. Em todo o
tempo, ele lembrar os crentes das responsabilidades e perigos do falar,
advertência importante, principalmente, àqueles que ambicionavam serem vistos como mestres. Agora, ele chama
atenção dos crentes, especialmente
dos “aspirantes” a líderes, para a
natureza da verdadeira sabedoria – algo
exigido de todos, mas especialmente dos mestres!
Certamente, lembrando e aplicando o que o Sr. Jesus Cristo já falara, o
apóstolo Tiago mostra que: A Sabedoria é
Classificada pelos seus Frutos.
Primeiramente, vemos que a sabedoria falsa produz maus frutos
(3.13-16):“13 Quem entre vós é sábio e
inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as
suas obras”. Sabemos que o público ao qual Tiago escreve era constituído de
pessoas simples, pobres, oprimidas e
perseguidas. Eram pessoas humanamente desvalorizadas. O que era um
problema, visto que o ser humano gosta de sentir-se valorizado. Para esses
crentes, o único meio social onde eles encontravam algum valor era, sem dúvida,
a igreja. Ora, se é verdade que
gostamos de sentirmo-nos valorizados, é igualmente verdade, que por causa do
pecado, temos a tendência de querermos
ter um pouco de glória para nós! Uma glória que não é divina, mas
pecaminosa! O desejo de nos vermos um pouco menor do que Deus, e maiores do que
todos os demais homens! Deste modo, aqueles que nunca foram nada
diante do mundo ou, então, aqueles que perderam todo o seu crédito e espaço,
por causa da sua fé em Jesus, eram tentados a se enfatuarem no meio do Povo de
Deus. No seu desejo, pecaminoso de marcarem espaço, de engrandecerem os nomes,
de serem tidos por sábios, procuravam serem mestres e líderes da igreja, o que
não dá certo se não procede de Deus! Naquele momento havia muitos dizendo: “eu tenho chamado, eu posso instruir os
irmãos, eu sou sábio!” Por isso, o apóstolo diz: “você se acha sábio? Então demonstre em seus frutos, no proceder, na
vida, não apenas em palavras; mas com coerência!” Como já vimos o apóstolo
Tiago lembrar a palavra do Sr. Jesus Cristo que diz que: “a sabedoria é justificada por todos os seus filhos” Lc 7.35. Devemos
ter em mente que na Bíblia, sabedoria não é mero conhecimento mas a capacidade
prática de viver! O que não envolve necessariamente
estudo! Também não deve ser confundido com esperteza, pois nem todo esperto é sábio! Um bom exemplo disso é o
Diabo! E qual fruto produz a esperteza do
Diabo?
“14 Se, pelo contrário,
tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos
glorieis disso, nem mintais contra a verdade. 15 Esta não é a sabedoria que
desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. 16 Pois, onde há inveja
e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins.” O
crente mostra o que é pelos seus frutos, ele mostra amor pelos seus frutos, ele
mostra sabedoria pelos seus frutos! Então, se alguém almeja liderar e/ou
ensinar, a evidência para tal é a sua sabedoria, ou antes, o fruto que ela
produz. Se o fruto é podre, então tal sabedoria não vem de Deus,
consequentemente, não há chamado. Tiago combate os sentimentos carnais que
motivavam alguns crentes a desejarem
serem mestres: inveja e facção! Eles
queriam ser mestres, pois invejavam os verdadeiros
mestres, queriam seguidores em torno de si. Por causa disso, Tiago vaticina: “Se vocês querem ser sábios, por inveja e
partidarismo, nem se orgulhem, nem se enganem. Vocês podem até ser sábios, mas
não segundo Deus, mas segundo a sua natureza pecaminosa e animal e segundo a
astúcia do Diabo, pois em vocês há inveja e partidarismo, o que produzirá
confusão e coisa ruim!”
Muitos hoje tentam se tornarem líderes da Igreja do Senhor Jesus
Cristo sem a unção que vem do Santo, o fazem por egocentrismo, ou por
partidarismo, ou por narcisismo. Os resultados vemos em nossa volta e são: divisões,
intrigas e escândalos. As palavras do servo do Senhor Jesus Cristo nunca foram
tão atuais.
Em segundo lugar, vemos que a sabedoria verdadeira produz bons frutos
(3.17-18): “17 A sabedoria, porém, lá do alto é,
primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de
misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento”. Tiago mostra a
verdadeira sabedoria que deve ser buscada pelos crentes e que todo aquele que é
chamado por Deus para a liderança e ensino deve possuir - “a sabedoria do alto”. A expressão chama
atenção Àquele que a dá, Deus, o Alto e Sublime (Is 57.15); o que contrasta com
a sabedoria dos pretensos mestres que
já foram repreendidos, cuja sabedoria era “terrena, animal e demoníaca”.
Sendo verdade que a sabedoria terrena, animal e demoníaca é
incentiva pela inveja e facciosismo e seus frutos são ruins, dentre eles a
confusão. Por outro, lado a sabedoria que procede de Deus é totalmente santa
quanto a sua natureza e frutos. Tiago mostra que ela é:
a)
Pura – a palavra se refere à pureza moral. Aqueles que possuem a
sabedoria de Deus são moralmente irrepreensíveis. Vemos na Bíblia que exemplos
como o de José e Daniel, sábios segundo Deus que permaneceram incontaminados em
meio a uma geração má e perversa!
b)
Pacífica – quem tem a sabedoria do
alto, não viverá a contender, a semear discórdia e criar “partidos”, pois a mesma é pacífica – gera paz!
c)
Tratável – quer dizer aberta ao
diálogo.
d)
Plena de misericórdia e de
bons frutos – cheia de capacidade para se compadecer da miséria do próximo,
bem como repleta de frutos, ou seja,
não fica apenas nas palavras, mas se concretiza em obras!e)
Imparcial – “a palavra literalmente
significa alguém incapaz de fazer uma distinção; daí a idéia de imparcialidade
no julgar” (Rev. Augutus Nicodemus). Um sábio é imparcial julgar retamente sem
olhar para a aparência externa, status e posses.
f)
Sem fingimento – ou seja, sem hipocrisia,
sincera. A verdadeira sabedoria não
condiz com a falsidade e mentira.
“18 Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz.” Tiago usa uma imagem muito comum na Bíblia para designar a função dos pregadores da Palavra – a da semeadura! O pregador da Palavra é como um agricultor que lança a semente ao solo. A semente é a Palavra de Deus. O verdadeiro mestre, e podemos dizer o verdadeiro crente, que prega com sinceridade a Palavra de Deus, a prega em paz, para colher a paz! Pelos frutos se conhece a árvore. O verdadeiro ministério escolhido por Deus será frutífero naquilo que intentar pois terá a sua unção e confirmação e será conhecido por todo o povo de Deus.
Concluindo essa reflexão, quero novamente lembrar as
palavras do Sr. Jesus Cristo: “a
sabedoria é justificada por todos os seus filhos”. Lc 7.35. Pergunto: Temos
sido sábios? A palavra de Deus nos recomenda a sabedoria! Quais os frutos da
nossa sabedoria? Será que temos frutos dignos daquilo que professamos?
Rev. Andriel Cleber Santos
de Araújo